HISTÓRIA DAS MEDALHAS

Ao longo de toda história humana, a ação ou efeito de condecorar por distinção com honras, atribuíndo o valor emocional e por respeito, seja para agraciar alguém ou para agradecer por um serviço, seja esse, em nome de algo ou por seus próprios feitos e méritos, a medalha possuí essa representatividade por meio fisico e objetivo.

Desta forma, é de imensa alegria e satisafação poder receber uma medalha como recompensa para representar essa honraria ou sinalizar mérito e valor pelos atos de honra, coragem, dedicação ou por abdicação da sua vida ou de seus serviços.

Etimologicamente do italiano medaglia, a expressão retratada pela medalha traduz o testemunho imperecível da história de uma nação. Na realidade, as medalhas fixam para a eternidade as artes, a ciência, a música, a ecologia, a numismática; enfim a cultura de um povo. Surgindo no Renascimento, como arte dos escultores e gravadores de relevo, a beleza dessas obras passou a traduzir um fenômeno cultural, do qual se podem retirar conclusões até mesmo sobre uma civilização.

Embora, sob o aspecto plástico, se assemelhe à moeda em alguns casos, dela difere inteiramente uma vez que, enquanto a primeira tem o poder de compra ou de pagamento de bens e serviços, implícito ou determinado, a segunda se caracteriza pelo valor artesanal, histórico e de pura mensagem cultural e artística.

Sabemos que a antiga Grécia só nos legou moedas e que os próprios romanos produziram peças monetiformes, retratando imperadores e personalidades das famílias imperiais. Assim, podemos considerar que é efetivamente na Itália renascentista que nasce a medalha propriamente dita, destacando-se o trabalho de Pisanello, em 1438, com a efígie de João III Paleólogo, imperador do Oriente, que fora à Itália para concílio então realizado em Ferrara. Ainda no século XV o sucesso dessa arte prossegue com o trabalho de ilustres artistas italianos. No século seguinte, o influxo italiano expande-se na França e em outras partes da Europa, especialmente nas cidades de Augusta e Nuremberg.

Nos séculos XVII e XVIII passou a arte medalhística a trabalhar com ritmos curvilíneos, de desenhos típicos do barroco e do rococó. Esse estilo chegou a Portugal, especialmente no reinado de D. João V, marcando a numismática e a medalhística na antiga metrópole, com reflexos no Brasil, especialmente trabalhos realizados na Casa da Moeda de Lisboa, com a apresentação de belos retratos.

Todavia, foi a medalha neoclássica que marcou o efetivo início da medalhística em nosso país, com a obra de Zeferino Ferrez e seus discípulos. O grande artista, precursor dessa arte no Brasil, teve como destaque desses trabalhos pioneiros a medalha referente à Aclamação de D. João VI e a alusiva à Coroação de D. Pedro I. Em meados do século XIX destacaram-se Carlos Custódio de Azevedo, abridor de cunhos na Casa da Moeda; Quintino José de Faria e Christian Luster, este autor de medalhões retratando a Família Imperial.

Em 1842 a Casa da Moeda evoluiu tecnicamente na cunhagem de medalhas, adotando o processo de transporte de cunhos; em 1850 passou a empregar o pantógrafo de medalhas e, no ano seguinte, a trabalhar com a prensa Thonnelier.

Um dos mais destacados artistas na arte medalhística no Brasil foi Augusto Giorgio Girardet, contratado em Roma para professor de Gravura de Medalhas e Pedras Preciosas, na Escola Nacional de Belas-Artes.

 

Fonte: Casa da Moeda do Brasil – 1989 Ano do Centenário da República – 2ª edição.